quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Que dizer quando um filho nos diz que quer a vida antiga...

Ver um filho triste é a maior dor de uma mãe, vê-los sofrer e não poder tirar as dores. Quem me dera sofrer por eles, ter dores por eles, ter dúvidas por eles, ter ansiedade por eles... Quem me dera...
Hoje, o F. começou a chorar a dizer que queria a vida antiga. Abracei-o com o maior carinho possível e deixei-o chorar. É bom chorar quando estamos tristes... limpa os olhos, mas acima de tudo limpa a alma.
O F. dizia-me que nunca mais seria feliz, que nunca mais voltaria a ter os pais juntos e que isso o faria feliz. Disse que agora estava menos tempo com o pai - neste momento ainda não conseguimos organizar fins-de-semana e dias pois estão a adaptar-se - e que sabia que depois, para estar com o pai estaria sem mim. Ele só tem 6 anos, mas verbaliza com precisão tudo o que sente. É verdadeiro e consegue explicar o que sente sem dificuldade.
Eu fiquei sem palavras, com o coração partido, enquanto o abraçava. O pai ficou a sofrer também. Depois foi para o colinho do pai onde recebeu mais mimos.
Mas os mimos dos pais não chegavam hoje. A vida do F. nunca mais será a mesma e ele sabe disso e não gosta. Queria os pais juntos de novo. Perante a minha afirmação de que isso é impossível, ou seja, que os pais nunca mais voltarão a ser um casal, o F. perguntava porquê?... Mas nós já lhe explicámos tanta vez...
Hoje, a tristeza continuava... Já perdeu a namorada (a sua querida Leonor, que vive actualmente nos Estados Unidos) e  daqui a uma semana um dos dois melhores amigos vai viver para Londres...
Dizia-me o F. que já perdeu a namorada, o melhor amiguinho e quando for viver para Lisboa vai perder os restantes amigos e vai ter saudades da vila onde vivemos. E hoje não se lembrou do avô (o meu pai) que faleceu há menos de 3 anos, mas por quem o F. ainda chora por não ter memórias dele.
O F. tem razão. Tem perdido muita gente em pouco tempo. O avô (para a estrelinha), a namorada (para o estrangeiro), o melhor amigo (também para o estrangeiro), a família (pelo divórcio) e vai perder todos os outros amiguinhos e amiguinhas que conhece desde bebé.
Custa-me tanto vê-lo sofrer. Que lhe dizer? O que fazer? Restou-me dar miminhos, tal como o pai, e esperar que se acalmasse.
Já adormeceu, está tranquilo, mas o meu coração gostava de poder ficar com a suas dores...
Sei que amanhã ou outro dia, ele voltará a pensar e a chorar e a questionar o mesmo, mas acredito que a dor vá diminuindo e ele se vá adaptando com calma à nova vida.
Em Lisboa, o local onde vamos viver é calmo, tem muitas crianças e poderá brincar com elas. O F. tem facilidade em fazer amigos e em breve estará repleto de novas amizades, numa nova vida, num novo mundo e estará feliz.
Os pais não voltarão a estar juntos como um casal, mas seremos sempre os pais dele e estaremos ao seu lado, juntos enquanto pais, para o apoiar. Isso sei que será sempre assim e fico mais tranquila.
O F. e as manas vão ficar bem, mas custa vê-los sofrer....

1 comentário: